FELICIDADE CLANDESTINA

Resenha por João de Carvalho

Título: Felicidade Clandestina

Autora: Clarice Lispector

Ano de publicação: 1998

Editora: Rocco

Páginas: 160

Apreciação: 4/5

Resenha :

  

O grande poeta Drummond escreveu que Clarice Lispector (1920-1977) “Veio de um mistério e partiu para outro, viveu por nós em forma de história, que não foi um lugar-comum, que ela vivia só e ardente construindo fábulas, que nos fascinava e que saberemos amar Clarice”. Esta foi a visão dele. Aliás, com toda nitidez e perfeição.

Os contos de Felicidade Clandestina apresentam uma prosa introspectiva, em que a ação nada mais é do que pretexto para as reflexões das personagens e dos narradores.

O tom das narrativas é de coloquialismo, onde a prosa flui sem muitas surpresas, num ritmo reflexivo.

O ponto de vista da infância prevalece nos contos.

A  temática da metamorfose (mudança) envolve também o mundo adolescente e adulto. – Por exemplo, no primeiro conto, o ponto de vista é o da “Menina” bonitinha, que adora ler e tem como antagonista uma colega gordinha, baixa e sardenta.

Lendo o livro a gente depara com os mais diversos tipos de figuração do ser humano nas diversas fases de sua vida. O erotismo, a sensualidade, a missionária, a prostituta, a ruiva, a solitária, a curiosa, a inteligente, a comportada e outras características fazem parte das personagens, dos contos, da notável escritora.  Até os “bichos” ocupam um lugar de destaque nas suas situações mais variadas e criativas.

Os melhores comentaristas sobre esta obra são unânimes em afirmar que seus livros não são uma superlotação de fatos, mas de repercussão dos fatos nos indivíduos.

O tema da metamorfose, da mudança, da passagem de um ser a outro é muito frequente nos contos de Clarice, fato este que ela descreve com clareza e competência literária.

Enfim, é um bom livro que envolve o leitor de várias idades, pois ele mostra bem a repercussão dos fatos na pessoa. Merece ser lido.

Boa Leitura!