terça-feira, 7 de agosto de 2018

NA MINHA PELE


Resenha por Mara Carvalho

Título: Na Minha Pele
Autor: Lázaro Ramos
Editora: Objetiva
Ano:2017
Páginas: 147

Apreciação: 5/5

Resenha:

“Não há vida com limite preestabelecido. Seu lugar é aquele em que você sonha estar”.

Lázaro Ramos inicia seu livro nos contando de sua infância na ilha  do Paty, na Bahia. Ilha com cerca de 200 habitantes. Vida simples, com poucos recursos,  mas cercada de amor e muita liberdade, uma infância feliz. Nessa época ele não se recorda de perceber o preconceito já que quase todos os moradores eram negros.

O livro não é autobiográfico, mas conta partes da vida do ator.

Suas lembranças de ser o filho da empregada. Empregada, aquela que é “quase da família”, mas que ocupa um ”não lugar”, aquela que “abandona” sua família mas nunca entra na outra, chegou a deixá-lo encucado por vezes.  Brincar com os filhos dos patrões, mas ao mesmo tempo ocupar qual lugar?

Na adolescência, já morando com o pai, era do tipo retraído, pequeno, magrinho e caladão. Daí veio a busca pelo teatro, com intuito de vencer a timidez. As palavras do pai sempre em sua cabeça “Estudem pra ser alguém na vida”.

Aos 16 anos de idade conseguiu entrar para o “Bando de Teatro Olodum”, ele “queria pensar sobre a condição do negro na sociedade” e lá era o grupo certo. No Bando discutiam a discriminação racial. Entretenimento e reflexão andando juntos.

O tema do livro é a discriminação racial. Lázaro expõe de forma suave mas certeira as sensações, pensamentos, sentimentos e conhecimentos a respeito do tema, a preocupação de ser exceção, e “a exceção simplesmente confirma a regra”.

Após o nascimento dos filhos, Lázaro Ramos sente ainda maior responsabilidade na discussão do assunto, afinal, como educar os filhos numa sociedade racista e machista?

“Desde que meus filhos nasceram não consigo mais pensar apenas em mim. Minha prioridade é criar um ser humano pleno, feliz, seguro e amado. Então, como fazer com que eles, desde pequenos, estejam prontos para um país tão desigual sem passar pela dor de perder a infância antes da hora, sem antecipar nenhum assunto?”

 Um livro que mexe muito com a gente.

“Um medo me invade. O medo de não conseguir dizer tudo, de ser simplista ou de deixar algo de fora me paralisou...”.
“...A saída foi permitir que o fluxo contínuo e impreciso de meus pensamentos me conduzisse  nesse papo sobre o corpo e a pele em que habito”.

O livro me ensinou que trabalhar  a empatia é muito importante e que é preciso, ainda hoje, discutir discriminação racial. Parar de fingir que não vemos os absurdos que vemos diariamente, e embarcarmos nessa luta pela igualdade.

Recomendo!

Boa leitura! 


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