sexta-feira, 16 de março de 2018

FOGO MORTO


Resenha por João de Carvalho

Título: Fogo Morto
Autor: José Lins do Rego
Editora: José Olympio
Edição: 69ª
Ano: 2009
Páginas: 347

Apreciação: 5/5

Resenha:

José Lins do Rego (1901-1957) foi um dos maiores escritores brasileiros,  autor de vários e apreciados livros, cujo conteúdo enaltece a vida nordestina. Fogo Morto é o fim da primazia dos engenhos, em Santa Rosa do Velho José Paulino. É um círculo que se fecha na história do Brasil. Cessa na Paraíba o ciclo da expressão canavieira, via engenhos, para o surgimento forte da indústria da cana de açúcar. José Lins, considerado o Proust brasileiro, paraibano, se insere com conhecimento, vigor, elegância e, sobretudo com consciência neste ciclo da vida nordestina, que retrata com sabedoria, vida e vigor, este período da economia nacional.

Suas obras  retratam esta mudança, com objetividade e consciência descritiva da passagem da época econômica, na estrutura do desenvolvimento brasileiro, em três períodos, assim descritos, em 1943, em Fogo Morto, apagado, extinto:

1ª parte: ressalta-se a figura de José Amaro, tido popularmente como lobisomem, que viveu nas terras do senhor Lula, tem um fim trágico; ele era seleiro (fazedor de sela para animais).

2ª parte: retrata com precisão a figura do Seu Lula que recebe o engenho por herança do velho capitão Tomás de Melo, casando-se com a filha dele, acabando com tudo, abandono dos escravos e o fim do engenho, deixando de produzir,  consumido pelo início da industrialização. Era ele, portanto, o dono do engenho em decadência, por má administração. 

3ª parte: mostra a figura do capitão Vitorino, pequeno proprietário que vive de maneira modesta, verdadeiro cavaleiro errante, lembrando a figura literária de Dom Quixote de La Mancha, lutando contra o poder e contra aquilo que considerava injusto na sociedade brasileira da época.

 Em suma, Amaro, Lula e Vitorino têm um traço em comum: o orgulho. É um livro que retrata a vida nordestina nas suas múltiplas facetas: o seleiro, o narcisista, o humanista, através do fim do período da cana de açúcar, absorvido pela indústria.

Vale a pena ser lido porque esclarece, com muitos pormenores, um período da história do desenvolvimento brasileiro: o engenho substituído pela máquina, ou seja, o “Fogo Morto”, em 1943, pela produção industrial nascente, rompendo um ciclo da vida nacional: a canavieira em sua forma artesanal.

José Lins do Rego mostra isto com clareza meridiana. 

Boa Leitura! 


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