Resenha por Mara
Carvalho
Subtítulo: A história real de uma mãe em busca dos filhos sequestrados
Autora: Jacqueline
Pascarl-Gillespie
Editora: Best Seller
Ano: 2008
Páginas: 447
Apreciação: 5/5
Resenha:
Filha de uma jovem australiana e de um
estudante intercambista da Malásia. A história verídica de Jacqueline inicia na Austrália, sua terra natal.
Aos 5 dias de vida seu pai
abandona sua mãe e volta para a Malásia. A mãe, adoece e os cuidados com o bebê ficam por conta da avó materna Irene Rosaleem Pascarl. Após alguns anos a filha
volta para os cuidados da mãe.
De uma família
desestruturada, desde a infância sofrendo abuso sexual pelo padrasto com o
consentimento de sua própria mãe, essa era sua vida.
Um dia ela juntou todas as
forças, deu um basta, e saiu de casa. Tudo o que ela queria era ser feliz, ter
uma família, alguém em quem confiar e compartilhar a vida.
Mas, por uma ironia do
destino, a vida trouxe para Jacqueline um homem que seria o maior de seus pesadelos.
Bahrim apareceu em sua vida
quando ela tinha apenas 17 anos de idade. Encantador, gentil, cheio de
surpresas, carinhoso, um perfeito cavalheiro. Insistente, ele não desistiu até
convencer a moça de namorá-lo. Daí para o casamento foi um passo.
Ele, Raja Kamarul Bahrin
Shah Ibni Yang Amat Mulia, um jovem príncipe malaio, levou sua amada para sua
terra natal. O casamento foi feito às pressas, aí tudo mudou, aquele cavalheiro
virou seu carrasco, surras, agressões psicológicas, eram seu dia a dia. Era
obrigação do marido corrigir a esposa quando ela fazia alguma coisa errada,
fora dos padrões da realeza. Agora ela já não era mais Jacqueline e sim Princesa
Yasmim, nome escolhido para ela pelo marido.
Na Malásia, uma cultura
completamente diferente, a mulher tinha o dever de obedecer cegamente o marido,
inclusive o dever de até adivinhar o que ele queria, sob pena de correção. Sem
conhecer nada desta cultura, nem a língua falada ela se tornou uma prisioneira
de Bahrim.
Alguns anos se passam e ela
tem 2 filhos com ele: (ela continuou apanhando mesmo durante as gestações)
Iddin (filho nascido em
15/02/1983) e
Shahirah (filha nascida em
07/07/1985), para desprezo do pai, pois mulher não tinha valor.
Com muito sacrifrício após
muitos anos de violência, ela teve forças para novamente dar um basta e sair
desta situação com os 2 filhos.
Mas o destino novamente
prega peças e o que era de se esperar acontece. Bahrim sequestra seus filhos em 1992.
E a vida de Jacqueline vira
um pesadelo novamente.
Agora ela passa por outra
dor, a dor da perda dos filhos, do vazio, da ausência, da desesperança, do
julgamento dos outros, a dor de várias tentativas de recuperá-los, a dor do
imprevisível ou previsível.
“...
Desmaiei depois de ouvir a notícia, minha concha mantida com cuidado finalmente
se desfez. Estava afundando, caindo, morrendo, ainda que continuasse viva...”
Fiquei comovida com a história
de Jacqueline. O livro é muito rico em detalhes, é quase um diário. E fiquei pensando, como é arriscado ir para um país sem conhecer sua cultura, seus
hábitos, suas leis, principalmente se envolver com uma pessoa com cultura tão
diferente. O que acontece com mulheres em alguns países é tão absurdo, nem dá
pra acreditar que existe isso no mundo de hoje!
O que chocou muito foi que
ela conheceu este rapaz na década de 80. Isso quer dizer, esta história é
recente. Inaceitável.
Já deu para perceber que este
livro é recomendadíssimo.
Boa leitura!
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