Resenha por João de Carvalho
Título: O Sermão da Sexagésima
Autor:
Padre Antônio Vieira
Editora: Moderna
Ano: edição de 2017
Página: 144
Apreciação: 5/5
Síntese:
ANTÔNIO VIEIRA nasceu em Lisboa aos 06.02.1608 e faleceu em
Salvador aos 18.07.1697 tendo vivido 89 anos. Foi um grande pregador Jesuíta.
Chegou ao Brasil aos sete anos, revelando sua vocação para a carreira
religiosa, ordenando-se sacerdote. Foi privilegiado com extraordinário dom
oratório, suplantando aos demais prelados de sua época. Foi desterrado;
perseguido pela impiedosa inquisição, mas conseguiu o perdão após intensas
conversações com Roma, graças à sua extraordinária habilidade política e
argumentações com a língua portuguesa.
Vivendo no século XVII foi ele a expressão do espírito barroco. Seu grande objetivo era maravilhar, ensinar, inquietar. Foi um gênio no púlpito das igrejas, como orador admirável, empolgante e diplomata. Um pregador por excelência. Defendeu, com todos os recursos da oratória e da Lógica, os índios, os judeus, a abolição de escravos e sobretudo criticou a inquisição. Foi o grande missionário da “Companhia de Jesus”. Eu, particularmente, gosto de ler seu “Sermão do bom ladrão”, onde critica com veemência, coragem e sabedoria, a “arte de roubar” pelos grandes políticos e autoridades da época. Foi o grande personagem nacional e internacional do século XVII, em termos de política, oratória e missionário. Interessante, não é e nunca foi considerado santo, mas como sacerdote e testemunha profética sua festa litúrgica é aos 18 de Julho. Caso interessante e único que li. Vejam o conteúdo do Sermão da Sexagésima:
“É um Sermão especial entre
os sermões de Vieira que discorre sobre o que é fazer um sermão. A questão da
frutificação da palavra de Deus é colocada como a ideia central do sermão. Três
partes são envolvidas na questão de frutificar ou não a palavra do Senhor: o
pregador, o ouvinte e Deus. Utilizando sua habilidade retórica o pregador
demonstra que, se a falha não é de Deus e nem dos ouvintes, é óbvio que o
responsável por tudo é o pregador. Uma vez descoberto o culpado resta saber
quais são os motivos que o levam a cometê-lo. Vieira propõe-se a analisar cinco
elementos que compõem o pregador: a pessoa, a ciência, a matéria, o estilo e a
voz! Segundo ele, tudo indica que a causa principal é que os pregadores em
geral pregam palavras, mas não as palavras de Deus. Mesmo sendo das Sagradas
Escrituras, suas palavras distorcem as palavras divinas, dando-lhes um sentido
diferente daquele que lhes quis dar Deus. O importante é que os pregadores não
se preocupem em falar bonito para os ouvintes, mas que os atinjam com suas
palavras, provocando neles inquietação.” (Cid Ottoni Bylaardi, prof.do
pré-vestibular Pitágoras).
O
Sermão verdadeiro segundo Vieira é aquele que inquieta e perturba o ouvinte,
levando-o ao arrependimento e ao amor de Deus, e não o que leva o ouvinte a se
admirar do brilhantismo das palavras do pregador. Na peroração, o pregador
exorta os fiéis a colocar em prática os ensinamentos do dia. Lembrando que está
perto da quaresma, conclama os ouvintes a seguir a palavra de Deus e a se
armarem contra os vícios. “Ele usa do estilo cultista que é o uso expressivo de
imagens e do conceptismo que é o uso do raciocínio lógico para convencer. “Eis,
algumas principais figuras de estilo, ou de linguagem de seus sermões:
metáfora, alegoria, comparação, anáfora, antítese, paradoxo e hipérbole.
Segundo Afrânio Coutinho “Este grande orador sacro produziu páginas que são
tesouros de eloquência sagrada em língua portuguesa. Com ele, a estética
barroca atingiu o seu ponto alto em prosa, no Brasil”.
Recomendo
a leitura de seus sermões, especialmente de “O Sermão da Sexagésima”.
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