Resenha
por Mara Carvalho
Autor: Lázaro Ramos
Editora: Objetiva
Ano:2017
Páginas: 147
Apreciação: 5/5
Resenha:
“Não há vida com limite
preestabelecido. Seu lugar é aquele em que você sonha estar”.
Lázaro Ramos inicia seu livro
nos contando de sua infância na ilha do
Paty, na Bahia. Ilha com cerca de 200 habitantes. Vida simples, com poucos recursos, mas cercada de amor e muita
liberdade, uma infância feliz. Nessa época ele não se recorda de perceber o
preconceito já que quase todos os moradores eram negros.
O livro não é
autobiográfico, mas conta partes da vida do ator.
Suas lembranças de ser o
filho da empregada. Empregada, aquela que é “quase da família”, mas que ocupa
um ”não lugar”, aquela que “abandona” sua família mas nunca entra na outra,
chegou a deixá-lo encucado por vezes. Brincar com os filhos dos patrões, mas ao
mesmo tempo ocupar qual lugar?
Na adolescência, já
morando com o pai, era do tipo retraído, pequeno, magrinho e caladão. Daí veio
a busca pelo teatro, com intuito de vencer a timidez. As palavras do pai sempre
em sua cabeça “Estudem pra ser alguém na vida”.
Aos 16 anos de idade conseguiu
entrar para o “Bando de Teatro Olodum”, ele
“queria pensar sobre a condição do negro na sociedade” e lá era o grupo certo.
No Bando discutiam a discriminação racial. Entretenimento e reflexão andando
juntos.
O tema do livro é a discriminação
racial. Lázaro expõe de forma suave mas certeira as sensações, pensamentos,
sentimentos e conhecimentos a respeito do tema, a preocupação de ser exceção, e “a
exceção simplesmente confirma a regra”.
Após o nascimento dos
filhos, Lázaro Ramos sente ainda maior responsabilidade na discussão do assunto,
afinal, como
educar os filhos numa sociedade racista e machista?
“Desde que meus filhos
nasceram não consigo mais pensar apenas em mim. Minha prioridade é criar um ser
humano pleno, feliz, seguro e amado. Então, como fazer com que eles, desde
pequenos, estejam prontos para um país tão desigual sem passar pela dor de
perder a infância antes da hora, sem antecipar nenhum assunto?”
Um livro que mexe muito com a gente.
“Um medo me invade. O medo de não conseguir dizer tudo, de ser
simplista ou de deixar algo de fora me paralisou...”.
“...A saída foi permitir que o fluxo contínuo e impreciso de
meus pensamentos me conduzisse nesse
papo sobre o corpo e a pele em que habito”.
O livro me ensinou que trabalhar a empatia é muito importante e que é preciso, ainda hoje,
discutir discriminação racial. Parar de fingir que não vemos os absurdos que
vemos diariamente, e embarcarmos nessa luta pela igualdade.
Recomendo!
Boa leitura!
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Bjs