Apreciação por João de
Carvalho
Autor:
Aluísio de Azevedo
Editora: Martin Claret
Ano:
1909 (1ª publicação)
Página:
278
Pontuação:
5/5
Apreciação:
Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo (1857-1913) é
maranhense que foi morar no Rio de Janeiro com seu irmão Artur Azevedo, como
caricaturista. Retornou à sua terra escrevendo para a Imprensa. Lançou vários
livros, entre eles “O Mulato” (1881).
“O núcleo narrativo deste romance é o caso amoroso entre
Raimundo e sua prima Ana Rosa. Surge um obstáculo: o preconceito racial da
família da moça e de toda a sociedade maranhense, pois Raimundo é mulato. Ante
o impedimento têm atitude oposta: Raimundo recua; Ana Rosa, não. Ousadamente
leva o namorado a seduzi-la. O rapaz recobra ânimo e planejam então, a fuga. O
projeto malogra, por intervenção de D. Diogo, que já era responsável pela morte
do pai de Raimundo, tornando-se agora mandatário da execução do próprio mulato
(rapaz). Esta morte recebe a versão generalizada de suicídio. Ana Rosa se desespera
ao ver chegar o corpo (cadáver) do amado. Seis anos depois o leitor a descobre,
casada com Dias, o executor de Raimundo, mãe de três belos filhinhos.
Estilo. O Mulato relata um caso de amor em que:
1) As
convenções sociais, o preconceito, o conservadorismo vencem o sentimento “amor”
das personagens.
2) Entre o bem e o mal este é o vitorioso.
3) O vilão, o mau
padre D. Diogo, elimina o mocinho.
4) O mocinho é desprezado por todos,
enquanto que o vilão é admirado, respeitado.
5) A mocinha desposa o cúmplice do
vilão.
As constatações acima mostram que as personagens não
podem escolher seu próprio destino, pois ele é decidido por fatores alheios à
sua vontade. As vidas humanas são joguetes do meio dos instintos, da época,
fato que caracteriza O Mulato como um romance naturalista. O naturalismo é uma
corrente estética de fins do século passado, filiada aos princípios filosóficos
do positivismo e do determinismo que considerava o mundo regido por leis
naturais e o homem, condicionado pela raça, meio social e momento histórico.”
(Editora Ática S.A., Suplemento de Trabalho).
Em suma, O Mulato é um notável romance realista, atraente, cujo
cenário é São Luís do Maranhão, relatado em 3ª pessoa. Explora o preconceito
racial, a escravidão, hipocrisia do clero da época, o provincialismo. O mal que
vence o bem. No fim, o casal, Ana e Luís, vive burguesamente.
É um excelente livro. Recomendo!
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