Resenha por João de Carvalho
Autor: José Lins do Rego
Editora: José Olympio
Edição: 69ª
Ano: 2009
Páginas: 347
Apreciação: 5/5
Resenha:
José
Lins do Rego (1901-1957) foi um dos maiores escritores brasileiros, autor
de vários e apreciados livros, cujo conteúdo enaltece a vida nordestina. Fogo
Morto é o fim da primazia dos engenhos, em Santa Rosa do Velho José Paulino. É
um círculo que se fecha na história do Brasil. Cessa na Paraíba o ciclo da
expressão canavieira, via engenhos, para o surgimento forte da indústria da
cana de açúcar. José Lins, considerado o Proust brasileiro, paraibano, se
insere com conhecimento, vigor, elegância e, sobretudo com consciência neste
ciclo da vida nordestina, que retrata com sabedoria, vida e vigor, este período
da economia nacional.
Suas obras
retratam esta mudança, com objetividade e consciência descritiva da
passagem da época econômica, na estrutura do desenvolvimento brasileiro, em
três períodos, assim descritos, em 1943, em Fogo Morto, apagado, extinto:
1ª parte: ressalta-se a
figura de José Amaro, tido popularmente como lobisomem, que viveu nas terras do
senhor Lula, tem um fim trágico; ele era seleiro (fazedor de sela para
animais).
2ª parte: retrata com
precisão a figura do Seu Lula que recebe o engenho por herança do velho capitão
Tomás de Melo, casando-se com a filha dele, acabando com tudo, abandono dos
escravos e o fim do engenho, deixando de produzir, consumido pelo início
da industrialização. Era ele, portanto, o dono do engenho em decadência, por má
administração.
3ª parte: mostra a
figura do capitão Vitorino, pequeno proprietário que vive de maneira modesta,
verdadeiro cavaleiro errante, lembrando a figura literária de Dom Quixote de La
Mancha, lutando contra o poder e contra aquilo que considerava injusto na
sociedade brasileira da época.
Em suma, Amaro,
Lula e Vitorino têm um traço em comum: o orgulho. É um livro que retrata a vida
nordestina nas suas múltiplas facetas: o seleiro, o narcisista, o humanista,
através do fim do período da cana de açúcar, absorvido pela indústria.
Vale a pena ser lido
porque esclarece, com muitos pormenores, um período da história do desenvolvimento
brasileiro: o engenho substituído pela máquina, ou seja, o “Fogo Morto”, em
1943, pela produção industrial nascente, rompendo um ciclo da vida nacional: a
canavieira em sua forma artesanal.
José Lins do Rego
mostra isto com clareza meridiana.
Boa Leitura!
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