Nóbrega da Siqueira
Se tu fores capaz de amar perdidamente
sem dizer a ninguém que amas com tal ardor...
Se puderes ficar tranquilo, indiferente
diante da bem amada, a que é teu grande amor.
Se souberes guardar o encantador segredo
que é o motivo maior da tua inspiração,
demonstrando que o amor verdadeiro tem medo,
Se tu fores capaz, em plena noite escura
que gera para o amor, um clima emocional
– de nem mesmo tocar a doce criatura
que é a estrela do teu céu, rosa do teu rosal...
Se puderes conter, dominar teu desejo
que transborda e é caudal, tempestade, vulcão...
Aguardar que aconteça o teu primeiro beijo,
como que por acaso ou predestinação...
Se tu, vendo-a passar numa onda de perfume,
conseguires fingir que bem pouco a conheces.
Não dar demonstração de que dela tens ciúme,
santa do teu olhar, virgem de tuas preces...
Se tu fores capaz de reprimir no peito
o amor que te tortura e te faz delirar...
Homem serás então, o amoroso perfeito:
Pois, só quem domina o amor, sabe de fato, amar!
Comentário por Simone Carvalho:
O autor vem nos mostrar nessa poesia, um tipo de amor diferente. Um amor
contido! Um amor segredo! Um amor... quase sofrer! Nóbrega de Siqueira expõe
seu pensamento de que o amor deve ser dominado, escondido, disfarçado,
reprimido. Que o dono desse sentimento jamais deve deixar transparecer para a
mulher amada o que está sentindo. Que adie o mais possível o momento da
confissão de tal amor. Que jamais toque na mulher, e que o beijo aconteça como
um acaso. E que só assim, o homem deve agir para se tornar o amoroso perfeito!
Sobre o autor:
Samuel Nóbrega de Siqueira viveu 81 anos, (1905-1986), nasceu em Jaú,
estado de São Paulo e faleceu em Niterói.
- Foi jornalista (Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do
Brasil-1950).
- Trabalhou como Técnico de Cooperativismo do Serviço de Economia Rural
do Ministério da Agricultura.
- Foi sócio fundador e secretário da 1ª Diretoria da Associação
Brasileira de Críticos Teatrais.
Livros publicados por ele entre 28 e 66 anos de idade:
“Faz de Conta” (poesia-1933)
“Memórias do Almirante Jaceguay” (prosa, 1935)
“Roteiro” (poesia, 1939)
“Canto ao Brasil Novo” (poesia, 1939)
“Terra Roxa” (poesia, 1955 – com 4 edições)
“Sanhaços” (poesia, 1958)
“Poemas de Amor” (poesia, 1958) e
“Cantos da Terra e do Homem” (poesia, 1960).
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