Resenha por Mara Carvalho
Autor: Bernardo Guimarães
1ª
publicação: 1872
Editora: Martin Claret
Páginas: 252
Apreciação: 5/5
Resenha:
Bernardo Guimarães, escritor mineiro, patrono da cadeira
nº 5 da Academia Brasileira de Letras, e cadeira nº 15 da Academia Mineira de
Letras. Seu livro mais famoso é “A Escrava Isaura”.
Escreveu “O Seminarista” em 1872, que rendeu ao autor do
romance uma certa popularidade.
O
livro é narrado em 3ª pessoa, mas em alguns momentos passa a falar em 1ª pessoa
com o leitor.
O
livro conta a história de Eugênio, filho de um
fazendeiro de Minas Gerais, Capitão Francisco Antunes
e da Senhora Antunes.
Na fazenda do Capitão viviam alguns agregados em casas
cedidas, D. Umbelina era viúva de um amigo do
Capitão, o Alferes. Após ficar viúva e, com uma filha bebê para criar, o
capitão a toma como agregada.
Margarida, filha de D.
Umbelina era mais nova que Eugênio apenas 1 ano. Os dois foram criados juntos,
brincando e correndo para todo lado da fazenda, com toda alegria, liberdade e
inocência. Os anos foram passando e os dois não se desgrudavam.
As
crianças sabiam, desde sempre, que o menino seria padre quando crescesse. Os
pais de Eugênio sonhavam com este momento e até mandaram fazer para a pequena
criança as vestes de padre.
Aos
9 anos de idade Eugênio vai para a Vila para estudar. Anos mais tarde vai para
Congonhas do Campo, para o Seminário. Estava traçado aí o seu destino.
Entretanto,
o coração do jovem sempre bateu mais forte por Margarida, e ele descobre este
amor, começa aí a sua luta interior. O sacerdócio, agradando aos pais ou o amor
de Margarida, agradando a seu coração?
O
personagem Margarida ora é percebido como um anjo aos olhos de Eugênio, ora
como um demônio que vem para desvirtuar seu caminho.
O
tratamento aplicado pelos padres ao jovem seminarista: “Como remédio prático para combater a tentação, recomendou-lhe que se
desse a trabalhos incessantes do corpo e do espírito; exercício ativo e
violento mesmo nas horas de recreio, lição dobrada a estudar na ocasião do
repouso, e sobretudo, orações, penitências e mortificações durante a noite”.
O
livro é uma crítica ao celibato religioso que deforma o homem. A educação dos
seminários que embrutecia os jovens ao contrário de os formar jovens sociais e
ao autoritarismo familiar.
“A educação claustral é triste em si e em suas
conseqüências: o regime monacal, que se observa nos seminários é mais próprio
para ao ursos do que homens sociais. Dir-se-ia que o devotismo austero, a que
vivem sujeitos os educando, abafa e comprime com suas asas lôbregas e geladas
naquelas almas tenras todas as manifestações espontâneas do espírito, todos os
vôos da imaginação, todas as expansões afetuosas do coração.
O rapaz que sai de um seminário depois de ter estado ali alguns
anos, faz na sociedade a figura de um idiota. Desazado, tolhido e desconfiado,
por mais inteligente e instruído que seja, não sabe dizer duas palavras com
acerto e discrição, e muito menos com graça e afabilidade. E se acaso o moço é
tímido e acanhado por natureza, acontece muitas vezes ficar perdido para
sempre.”
Enfim,
um livro espetacular!
Recomendadíssimo,
boa leitura!
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Bjs